28.11.07 | Advocacia
Presidente do Conselho Federal da OAB critica declaração de delegado sobre menina presa com homens
O presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto, criticou nesta terça-feira (27), as declarações do delegado-geral da Polícia Civil do Pará, Raimundo Benalussy. Durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado o delegado disse que a menina que ficou presa em uma cela com 20 homens teria "debilidade mental porque em nenhum momento manifestou sua menoridade penal".
O presidente da Ordem classificou as argumentações de Benalussy como "farsa" e "hipocrisia".
Além disso, também criticou a classe política. "Os políticos têm que pensar nas próxima gerações mais do que nas eleições", declarou, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
Britto lembrou ainda que em outros episódios, como na morte do índio Galdino, em Brasília, e na agressão de uma empregada doméstica, no Rio de Janeiro, tentaram justificar o crime desqualificando a vítima. "Mata-se Galdino e dizem desculpa, pensei que era um mendigo. Ataca-se uma empregada doméstica desculpe, pensei que era uma prostituta. Agora se diz a mesma coisa, não sabia que era uma adolescente, como se fosse menor o crime de ter
uma mulher sendo estuprada sob os olhos coniventes do aparelho estatal",
afirmou.
Chefe de Benalussy, a governadora do Pará Ana Júlia Carepa (PT) também esteve na audiência, mas desautorizou o delegado. "Não tem justificativa alguma. Se alguém tentar justificar é um absurdo", afirmou Carepa. "Não vou tolerar esse tipo de barbaridade", completou.
Depois de insinuar o retardo da garota, o delegado-geral tentou amenizar a situação
e explicou que ela já havia sido presa na mesma cadeia e pode ter sido vítima de violência sexual em outras ocasiões. "A violência que ela sofreu pode tê-la deixado abalada", afirmou.
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Fonte: Folha Online
Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759