25.07.08 | Diversos
Mantida decisão que obriga Estado a fornecer remédio
A 2ª Câmara Cível do TJMT manteve, por unanimidade, decisão de Primeira Instância determinando que o Estado forneça o medicamento prescrito pelo médico a uma paciente portadora de osteoporose severa. A decisão também assegurou que sejam realizados exames e consultas necessárias ao seu tratamento, de forma ininterrupta, na quantidade e pelo tempo prescrito pela orientação médica.
Em caso de descumprimento, o Estado deverá pagar multa diária de R$ 2 mil.
A doença da qual a requerente é portadora foi diagnosticada por médico especialista e tem como principal característica a perda acentuada da massa óssea e deterioração da micro-arquitetura do osso. O resultado é a fragilidade e, conseqüentemente, o risco de fraturas, perda da qualidade de vida, invalidez física permanente, ou até mesmo o óbito.
A paciente fez tratamento com outros tipos de medicamentos, mas sem êxito. Diante dessa situação, seu médico receitou o uso da medicação pleiteada, sendo que o fornecimento fora recusado pela Gerência de Atendimento e Entrega de Medicamentos a Usuários, em setembro de 2004.
No Recurso de Apelação Cível, o Estado argumentou que o fornecimento de saúde pública não reside "em critérios de discricionariedade ao caso do particular, mas sim de políticas públicas que visam o atendimento generalizado". Afirmou ainda que a prescrição de medicamentos e tratamentos individualizados não poderiam ser impostos e que o medicamento indicado para a patologia da apelada não é recomendado pela Portaria do Ministério da Saúde, nem pela Secretaria de Saúde do Estado.
O Estado alegou ainda que a Constituição Federal em seu artigo 197 impõe que as ações públicas de serviço de saúde dependem de normatização no que tange a regulamentação, fiscalização e controle. Normatização esta estabelecida pelo Ministério da Saúde que criou os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, ao passo que a Secretaria de Estado de Saúde (SES –MT) criou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Estaduais, que objetivam critérios de diagnósticos de cada doença, bem como o tratamento preconizado com os medicamentos disponíveis, as doses e os mecanismos de controle e resultados.
Quanto à multa aplicada no caso de descumprimento, o Estado sustentou que é abusiva e exorbitante. Por fim, pleiteou pela reforma da decisão.
No entendimento da relatora do recurso, desembargadora Maria Helena Gargaglione Povoas, quando comprovada a doença por médico especialista, bem como pelos exames específicos, aliado à omissão da administração estadual em fornecer o medicamento solicitado por meio de processo administrativo, é medida que se impõe dar efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da República (artigos 5º, caput, e 196), para compelir o Estado a fornecer o medicamento necessário ao tratamento.
A relatora explicou também que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante cobertura integral aos seus usuários. Razão pela qual o Estado deve ser compelido a atender aqueles que necessitam de medicamento para suprir casos graves e de urgência visando garantir a sobrevivência destes.
Além disso, destacou que a apelada está com perda na qualidade de vida e, em caso de evolução da doença, eventuais despesas de internação e tratamento serão muito mais dispendiosos para o Estado do que a medida preventiva.
"Assim, deve ser considerado o custo-benefício, porque o fornecimento do citado medicamento torna-se, em tese, vantajoso para o Estado e tende a melhorar as condições de saúde da apelada, mesmo porque a saúde é direito de todos e dever do Estado, efetivamente garantido pela Constituição Federal em seu artigo 196, bem como pela própria Lei nº 8.080/90, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes", ressaltou a desembargadora.
Acrescentou também que a apelada está sob a proteção do Estatuto do Idoso – Lei Federal nº 10.741/2003, artigos 2º, 9º, 15, § 2º e artigos seguintes, que prevêem proteção à saúde do idoso. (Recurso de Apelação Cível 25.166/2008).
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Fonte: TJMT
Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759