Uma gravação feita por um radioescuta amador da Paraíba foi apresentada ontem (15) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, na Câmara, como prova da existência de pontos cegos no sistema aéreo brasileiro.
Segundo o deputado Efraim Filho (DEM-PB), o áudio revela que no domingo passado o avião da companhia aérea Alitália, que transportava o papa Bento XVI de volta ao Vaticano, tentou contato com a torre de comando do Cindacta 3, em Recife, sem sucesso. “É a prova irrefutável de que há pontos cegos no sistema de comunicação do sistema aéreo brasileiro,” afirmou o deputado.
Após tentar transmitir uma mensagem de despedida do Papa, o comandante da aeronave italiana precisou pedir o auxílio dos tripulantes de um avião da Tam que voava na mesma freqüência para fazer contato com a torre de comando. A resposta demorou 23 minutos.
Embora pondere que se trata de informação extra-oficial, Efraim Filho afirma que já requisitou à CPI que solicite à Alitália, Tam e torre de controle de Recife dados oficiais sobre as comunicações feitas entre 23 horas e 24 horas do dia da viagem do Papa.
Segundo o presidente da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), a comissão vai tomar providências para averiguar se o episódio relatado é verídico. "Se isso de fato aconteceu, vai fazer parte do nosso relatório, porque é um sinal de que o controle de tráfego aéreo no Brasil continua com problemas" - disse.
A gravação mostra que o vôo nº 4001, da Alitália, que levava o Papa de volta a Roma e já se afastava do litoral brasileiro, chamou o centro de controle do Recife duas vezes, sem conseguir retorno. O contato só foi restabelecido depois que o avião da Tam fez a ponte.
O Papa, falando em português, era dirigida ao presidente Lula: “no momento em que sobrevôo as terras brasileiras para regressar a Roma, desejo externar meus sinceros agradecimentos pela dedicada atenção que me foi dispensada por Vossa Excelência e demais membros do seu governo.”
No momento da tentativa de se comunicar com o Centro de Controle do Recife, o avião do Papa já estava a mais ou menos 350 quilômetros da costa brasileira, ainda dentro do espaço aéreo nacional. (Com informações da Agência Brasil e da Agência Estado).
Rodney Silva
Jornalista - MTB 14.759