Padre Marcelo foi impedido de se aproximar do Papa


15.05.07 | Diversos

Bispos e outros religiosos envolvidos com a organização da visita de Bento 16 manobraram para impedir que o padre Marcelo Rossi e d. Fernando Figueiredo, bispo de Santo Amaro, pudessem se aproximar do papa durante os cinco dias em que o sumo pontífice esteve no Brasil.

Padre Marcelo e d. Fernando são dois dos principais expoentes do catolicismo no Brasil nos últimos dez anos, responsáveis diretos pelo "reaquecimento" do catolicismo não só na mídia, mas talvez no volume de fiéis atraídos às igrejas.

Em 1998, por exemplo, uma gravação do padre Marcelo no santuário de Terço Bizantino virou sucesso nacional e vendeu mais de 3,2 milhões de cópias - número equivalente aos maiores sucessos de Xuxa. A comparação é feita hoje pela Folha Online.

O jornalista Ricardo Feltrin apurou que divergências "político-religiosas" fizeram com que os católicos envolvidos na visita de Bento 16 vetassem a aproximação de bispos e padres da chamada Renovação Carismática com o papa. Nenhum dos dois se aproximou a menos de 50 metros do sumo pontífice durante os cinco dias.

Padre Marcelo programara havia meses visitar Bento 16 no mosteiro, durante a visita. Ele tentou ver o papa na manhã quinta e sexta-feira, ao lado de d.Fernando. Recebeu um "não". Nenhum porta-voz ligado à organização da visita de Bento 16 foi encontrado até a publicação desta reportagem para se manifestar.

Bento 16 não é um entusiasta da Renovação Carismática, mas também não a reprova. Em alguns de seus discursos, ainda como cardeal, criticou a forma espalhafatosa como os carismáticos conduzem a missa. Entre outras admoestações, há uma reação forte de alguns cardeais contra o uso de instrumentos eletrônicos - como guitarra e contrabaixo -, além da bateria, durante as missas.

Mesmo assim, durante o pontificado de João Paulo 2º, o então cardeal Joseph Ratzinger chegou a receber padre Marcelo - então um popstar - e d. Fernando em audiência no Vaticano, com grande empatia. A hierarquia abaixo dele, no entanto, não parece ter o mesmo sentimento.

Falando a jornalistas ontem à noitye, o padre Marcelo Rossi admitiu que o policial federal que o barrou na entrada da área de convidados do Campo de Marte (SP) - onde o brasileiro pretendia conversar com o pontífice - "estava certo porque cumpria sua função". No caso o policial permitia a entrada apenas de quem tivesse a credencial concedida pela Igreja e pelos órgãos de segurança.

Nem o padre nem o bispo puderam ficar a menos de 50 m. de distância do Papa.