A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou ontem (09), no encerramento de sua 45ª Assembléia Geral, em Indaiatuba (SP), documento no qual aponta a existência de uma "crise ética" no Congresso e manifesta preocupação com "fortes indícios de corrupção" no Judiciário brasileiro.
Tradicionalmente divulgado ao final do encontro da entidade, o documento sobre o quadro político do país reafirma ainda a posição contrária dos bispos à legalização do aborto e ao uso de embriões humanos para fins terapêuticos e, indiretamente, à eutanásia.
O aborto tem sido alvo de polêmica entre o governo federal, que quer tratar a questão como tema de saúde pública, e a Igreja Católica, que não abre mão de sua posição. "É preciso defender a vida desde a aurora da concepção até o seu natural ocaso", diz o texto.
A declaração criticou a proposta de redução da maioridade penal para 16 anos, aprovada no último dia 16 pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, considerando-a um "paliativo que atinge os sintomas, não a raiz do problema da violência".
Sobre a atuação do governo federal, o documento afirma que os pobres estão sendo beneficiados pelos programas sociais, mas que é preciso avançar no desenvolvimento "com inclusão e com justiça social".
Na questão econômica, o documento coloca que a produção de etanol no Brasil não pode ser feita em detrimento da reforma agrária, do equilíbrio ecológico e da necessidade alimentar.
O documento foi elaborado por uma comissão e submetido à aprovação de todos os bispos presentes. A assembléia reuniu 330 bispos. (Com informações do Câmera 2).