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Publicado em 09.05.07

O juiz da operação Moeda Verde - Artigo de Moacir Pereira


Por Moacir Pereira,
jornalista (*)

Ele é filho de modesta família de agricultores, nasceu no Município de Santa Terezinha, na microrregião ao norte de Taió, distante 301 quilômetros de Florianópolis. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Ponta Grossa (PR), concluiu mestrado na Univali e doutorado na UFSC. Está realizando pós-doutorado. Atuou como bombeiro militar no Paraná, ingressando na carreira como soldado e chegando ao posto de sargento. Trabalhou como funcionário da Justiça Federal no Paraná.

Homem de hábitos simples, está há seis anos na Justiça Federal. Ingressou em 2001 na Vara de Itajaí, onde conduziu o acordo de recuperação ambiental da Praia Brava e da Praia dos Amores. Ali também teve participação ativa na Operação Dilúvio. Decretou a prisão do consultor da Secretaria da Fazenda Aldo Hey Neto, entre outros implicados.

Este o perfil do juiz Zenildo Bodnar, da Vara Ambiental da Justiça Federal de Florianópolis, que autorizou a Polícia Federal a realizar a Operação Moeda Verde, com a prisão de empresários, políticos e servidores públicos, provocando o fato do ano no Estado de Santa Catarina.

Entre os advogados e procuradores, o magistrado é uma unanimidade quando se trata de relação humana, diálogo elevado, tratamento elegante, audiência das partes, bom senso e equilíbrio nas decisões. Quando juiz em Itajaí proferiu sentenças históricas. Uma senhora já idosa, condenada por contrabando de cigarros, foi obrigada a estudar. Um jovem, punido por compra de drogas com moeda falsa, condenado a tratamento médico.

Desde que determinou as prisões, Zenildo Bodnar decidiu não conceder entrevistas. Dedica-se exaustivamente à leitura de documentos da Polícia Federal e, nos últimos dias, ao exame de pedidos de libertação dos presos. Servidores que atuam no Judiciário Federal e acompanham de perto, há nove meses, a atuação do juiz Zenildo Bodnar na Vara Ambiental prestam depoimentos consensuais sobre suas sentenças e decisões.

Atencioso com os jornalistas, procura dar as informações com precisão e transparência, mas evita estrelismos, ressaltando que cumpre uma missão: a de representar a Justiça.

A cada nova semana aprofunda seus conhecimentos em matéria ambiental. Leu o Relatório da CIA para conhecer os impactos ecológicos nos próximos 20 anos, estuda tudo sobre o Protocolo de Kioto e tem Sabor Ambiental, de Henrique Less, como um dos livros técnicos de leitura recente.

Católico praticante, é visto com freqüência nas missas dominicais na Igreja Matriz de Itajaí. Invoca a formação religiosa sempre que se defronta com processos delicados. Vai sexta-feira para lecionar na Univali e permanece na cidade, onde conquistou várias amizades.

De suas múltiplas intervenções, aulas e decisões é possível extrair a síntese de seu pensamento: considera a legislação ambiental complexa demais até pela imprecisão das responsabilidades federais, estaduais e municipais; identifica neste cipoal vulnerabilidades para a prática da corrupção; pretende que os empreendimentos tenham caráter efetivo de desenvolvimento sustentável; advoga maior participação comunitária nos empreendimentos; e tem preocupação com a preservação do patrimônio natural para desfrute da atual e das futuras gerações.

E admite que a Ilha de Santa Catarina comporta projetos de qualidade.

(*) Artigo publicado originalmente no jornal Diário Catarinense