Desembargador Carreira Alvim vende palestra em saite e critica a Justiça no Orkut


27.04.07 | Magistratura

Investigado pela Polícia Federal sob suspeita de vender decisões judiciais, o desembargador federal José Eduardo Carreira Alvim é figura de destaque no Instituto de Pesquisa e Estudos Jurídicos (Ipej), entidade que dá cursos de Direito e cujo diretor-geral é seu genro, Silvério Nery Cabral Júnior - preso nas mesmas investigações.

O magistrado, que leciona na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), vende suas palestras pelo saite do Ipej na internet a R$ 15 o download - os interessados podem assistir a uma pequena prévia - e também ler livros de sua autoria. Dos 29 títulos da bibliografia do Ipej, 27 têm o nome de Alvim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No início da semana, o desembargador Carreira Alvim anunciou o seu afastamento da Uerj.

O Ipej foi citado várias vezes nas conversas grampeadas pela PF com autorização judicial. Em uma delas, em 28 de novembro de 2006, na sala de Alvim no TRF da 2ª Região, o desembargador disse que não era o representante legal do Ipej mas sim sua filha, Luciana Carreira Alvim Cabral, e seu genro.

Segundo a PF, era o magistrado quem administrava a instituição, onde passava grande parte do dia cuidando dos cursos e de contatos com professores.

Em 13 de abril, quando foi desencadeada a Operação Furacão, a sala do magistrado no instituto, situado na Avenida Rio Branco, no centro da capital fluminense, foi alvo de buscas dos agentes federais.

No Orkut, saite de relacionamentos, Alvim diz que “a Justiça neste País é realmente uma coisa lamentável”. A declaração foi feita no final da noite de terça-feira (24), em troca de mensagens com outro integrante do saite, que aparentemente o questionava sobre ter interrompido o curso de Direito. Alvim disse “não ser a pessoa mais indicada no momento para responder.”

O desembargador se classifica no saite como “consciente de sua responsabilidade social”. Ele também participa da comunidade “Sou fã do Dr. Ricardo Regueira”, outro dos presos pela PF acusado de integrar esquema de venda de sentenças.