Doação chamada OAB
A cada mês, eu percorro milhares de quilômetros pelo Rio Grande do Sul. Somam-se a essas estatísticas muitas milhas, em razão de voos e compromissos fora do Estado. Em quase todas essas viagens como presidente da OAB/RS, colegas de profissão, jornalistas, empresários, entre outros, fazem a mesma pergunta:
- Por que se ausentar tanto do lar? Por que dedicar tanto tempo para a Ordem e, naturalmente, para a advocacia? O que te move?
Cruzando as estradas deste Rio Grande, muitas vezes na madrugada, tendo no horizonte apenas o facho de luz do automóvel que me conduz a iluminar o asfalto, fico refletindo sobre esse trabalho voluntário. Aliás, não é só meu, mas de todos os dirigentes de Ordem das seccionais, nos conselhos e nas subseções.
A realidade é que a advocacia é apaixonante. Mais do que isso: ela é fundamental para que se garanta a justiça social e os direitos dos cidadãos. Quando pensamos na Constituição, temos de relembrar o que designa o Artigo 133. “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”
Nas minhas permanentes viagens, encontro advogados e advogadas com diferentes formações, realidades sociais e foco profissional. Lembro um jovem advogado em Uruguaiana, que tinha seu pequeno escritório em cima da oficina do pai, e que ali começava a construir uma carreira.
Também guardo com imenso carinho a visita que fiz a um experiente advogado em Canoas, com escritório próximo dos trilhos da Trensurb, que externou sua surpresa em poder cumprimentar, pela primeira vez em sua longeva trajetória, um presidente da OAB/RS.
Ainda recordo as conversas em escritórios do agitado centro de Porto Alegre, quando encontrei colegas em diferentes estágios da carreira, que trouxeram seus anseios e sugestões. São tantos relatos e experiências, que poderia escrever uma obra literária com vários volumes.
Com tão ricas, heterogêneas e interessantes histórias de vida, existe um elemento capaz de unir todos esses profissionais: a paixão a a responsabilidade com o atuar na defesa do cidadão. Não se comemoram períodos turbulentos, mas são em períodos de ameaças que a atuação da advocacia se faz ainda mais relevante e necessária.
Honramos um juramento, defendemos o que determina a Constituição, buscamos os devidos reparos. É em nome da cidadania que atuamos. É isso que move tantos dirigentes da OAB. Esse é o combustível que me motiva a contribuir para uma sociedade mais digna e justa.
Ricardo Breier
Advogado e presidente da OAB/RS