Se quando a bola rola colorados e gremistas estão em lados opostos, existem muitas outras situações em que o azul e o vermelho estão juntos, de mãos dadas. Um exemplo ocorreu na noite deste sábado (20). Aproveitando a realização do clássico Gre-Nal de número 421, no Estádio Beira-Rio, válido pelo Campeonato Brasileiro, a OAB/RS lançou a campanha: “Cartão Vermelho para o Racismo. Ninguém ganha quando existe preconceito.”
O presidente da entidade, Ricardo Breier, lançou a campanha ao lado dos presidentes de Grêmio e Inter, respectivamente, Romildo Bolzan e Marcelo Medeiros. Torcedores dos dois clubes aplaudiram e reconheceram como positiva a mobilização, confirmando o acerto e o apoio à iniciativa.
A Ordem gaúcha tem como uma de suas bandeiras a defesa da Constituição Federal e dos direitos da cidadania e quer combater a discriminação racial, seja no desporto, seja no exercício profissional. “Durante o período de 2014 a 2017, 27 casos foram julgados pelo órgão máximo do desporto brasileiro, e, em 15 deles, houve punição, enquanto em 12 houve absolvição. Os estádios de futebol do país representam 74% dos locais originários das ocorrências, enquanto a internet representa 24%, outros espaços representam 2%”, chamou a atenção.
A campanha proposta pela OAB/RS colheu apoio imediato dos presidentes do Sport Club Internacional, Marcelo Medeiros, e do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, Romildo Bolzan, que receberam Breier na contagem regressiva para o lançamento da mobilização. “Não admitiremos qualquer atitude preconceituosa. A campanha visa a contribuir com o combate ao racismo no futebol e também na advocacia. Além disso, iremos atuar fortemente com ações em jogos realizados no Rio Grande do Sul”, apontou.
Em maio deste ano, Breier também esteve reunido com o ex-árbitro de futebol e comentarista de arbitragem, Márcio Chagas da Silva, que registra vários episódios na carreira em que foi discriminado por ser negro. “Atitudes de discriminação não podem ser toleradas e a seccional gaúcha atuará junto com as 106 subseções”, reforça Breier.
CEIR
Segundo a presidente da CEIR, Karla Meura, a campanha renova o compromisso institucional com a promoção da igualdade e o combate à discriminação, não apenas entre a classe, mas em toda sociedade: “Além de registrarmos inúmeros casos de racismo no meio futebolístico, historicamente a população negra se vê sub-representada nos cargos decisórios dos Clubes e das Federações, uma vez que os atletas negros participam apenas na posição de jogador, sem qualquer autonomia conferida àqueles que ocupam os espaços de poder. Tal situação também é um reflexo dos percalços impostos pelo racismo ao longo das carreiras destes atletas”, destacou.
JUSTIÇA DESPORTIVA
No Brasil, as questões disciplinares relativas à pratica do desporto é de responsabilidade da justiça desportiva, a qual está designada pela Constituição Federal de 1988 no artigo 217. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva determina que três instâncias trabalhem nas resoluções dos conflitos: Comissões Disciplinares, Tribunal de Justiça Desportiva e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Diversas entidades voltadas ao futebol e diversos clubes realizam ações para combater o racismo dentro e fora de campo. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lançou a campanha “Somos Todos Iguais” no ano de 2018, a qual tem como objetivo a luta contra a discriminação por gênero, cor, crença, origem e condição física.
Texto: João Vitor Nunes Pereira e Martin Behrend
Fotos: Lucas Pfeuffer
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Fonte: OAB/RS