Música alta e sorrisos estampados: esse foi o clima da ação com moradores de rua do Viaduto da Conceição, realizada pela Comissão de Direitos Humanos da OAB/RS na noite desta quarta-feira (26). Histórias diferentes na mesma situação de vulnerabilidade, moradores expostos ao frio, à chuva e às drogas. Além do mais, estão sujeitos à violência que não só os assombra, mas assombra todos os moradores de Porto Alegre. Foram distribuídos cobertores, agasalhos e alimentos a cerca de 80 pessoas. Além disso, foi possível conversar, entender a situação e, principalmente, ouvir a história de cada um.
Na fila para o achocolatado estava Ítalo, 41 anos, que, depois da separação, ficou em situação de rua, porém, contou sorrindo que assinou a carteira de trabalho recentemente: “Eu tive uma fase crítica em termos de trabalho, e estar na rua foi uma experiência que é difícil de explicar. Fui batendo de porta em porta e consegui um emprego como auxiliar de produção. Agora, eu aluguei uma peça e aos poucos vou comprando o que precisa pra dentro de casa pra ter uma vida normal”, disse.
No entanto, nem todas as histórias são felizes como a dele. Os catadores Luiz, 47 anos, e Sandra, 22, estão nas ruas há 10 anos. A renda mensal do casal é de em média 100 reais, e eles ainda sofrem com a discriminação: “As pessoas acham que todo mundo que mora na rua é drogado e aí eles discriminam a pessoa. Pra comunidade nós não somos ninguém (sic). No frio da semana passada não tinha coberta, e o dinheiro que a gente tem não dá pra comprar. Ou a gente compra comida ou roupa, por isso a doação é importante”, explicou Luiz.
Segundo João Maciel, 42 anos, que mora na rua há 18, a burocracia para entrar nos albergues é muito grande, e para tomar banho é necessário agendamento: “Hoje a situação de rua é muito pior do que era antes: em cada meia hora matam um. É difícil ficar na rua, mas entrar no albergue também é difícil. Não tenho palavras pra dizer o que vocês tão fazendo por nós hoje”, falou.
Para a presidente da Comissão, Neuza Bastos, o evento teve um resultado muito positivo, e as demandas dos moradores em situação de rua serão levadas aos responsáveis: “Tivemos um número expressivo de pessoas que puderam receber os donativos. Foi a oportunidade para que elas fizessem algumas solicitações à comissão: como o acesso ao banho, que tem sido bem restrito, e o funcionamento do restaurante popular nos finais de semana. Muitos pediram que façamos mais vezes essas ações”, contou.
Alguns Moradores da Vila Chocolatão também ajudaram levando equipamento de som, mesas e cadeiras e equipamentos para corte de cabelo que foi realizado gratuitamente. Estavam presentes os membros da Comissão de Direitos Humanos, Martina Moraes Rodrigues, Francisco Telles, Andrea Scheffer e Leandro Soares. Além disso, o membro da comissão do Jovem, advogada Camila Feoli Leal, e o estudante Dimmy Medeiros, participaram da ação.
Gabriela Milanezi
Assistente de jornalismo
Fonte: OAB/RS