Artigo do vice-presidente nacional da OAB: a crise, a ética e a oportunidade


07.12.15 | Advocacia

Foi publicado, na edição desta sexta-feira (04), do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, artigo do vice-presidente nacional da entidade, Claudio Lamachia, sobre a corrupção sem precedentes no Brasil.

A crise, a ética e a oportunidade
Por Claudio Lamachia - vice-presidente nacional da OAB

Se a cada dia em que abrimos os jornais, ouvimos e assistimos ao noticiário, nos incomodamos e nos revoltamos com a crise ética sem precedentes que estamos enfrentando, não tenhamos dúvidas: esta é uma oportunidade ímpar para estabelecermos um novo padrão ético em nossa política e sociedade.

Se mais do que nunca podemos dizer com toda a convicção que sobram recursos para a corrupção e faltam para políticas públicas básicas, como saúde, educação, segurança e saneamento básico, é justamente neste momento que cada um de nós deve repensar o modelo de nação que pretende e o que vem fazendo para que ele seja possível.

A sociedade tem o direito de saber quem são os responsáveis por essa manobra que drena recursos públicos para o ralo da corrupção, matando brasileiros que esperam atendimento médico em corredores de hospitais e que estão amedrontados com a falta de investimentos em segurança. "A luz do sol é o melhor dos desinfetantes", já dizia o juiz da Suprema Corte Americana Louis Brandeis (1856-1941).

É inaceitável a postura de agentes políticos que traem seus eleitores e é igualmente condenável que a democracia e o voto sejam tratados com displicência. Cada um de nós é responsável pelo seu voto e pela defesa de seus ideais. Precisamos de homens que sirvam à política e não daqueles que se sirvam dela. Precisamos também de empresários éticos e comprometidos com o desenvolvimento do país.

A advocacia deverá ser a voz e o clamor da cidadania e com ela estaremos sempre irmanados nas vigílias cívicas de que a nação necessita e espera de nós. A OAB tem feito sua parte propondo iniciativas como a regulamentação da Lei Anticorrupção, o fim do financiamento empresarial em campanhas, a criminalização do caixa 2 eleitoral e a Lei da Ficha Limpa para todos os cargos públicos.

O funcionamento pleno das instituições deve ser respeitado, sem que haja qualquer tipo de interferência indevida de agentes políticos que pretendem negar o papel institucional do Poder Judiciário e do Ministério Público, para que sua atuação seja desenvolvida em nome da sociedade, para a sociedade e em respeito à sociedade, como deve ser nas democracias.

Passar o Brasil a limpo e depurar a classe política depende de um amadurecimento urgente de cada um de nós. Não nos é mais permitido apontar o dedo sem fazer uma análise profunda da responsabilidade que temos ao eleger quem nos representa.

Fonte: OAB/RS